O salário médio bruto na Função Pública atingiu os 1.975 euros no terceiro trimestre de 2024, registando um aumento de 7% em comparação com o ano anterior. Em termos reais, ou seja, descontando a inflação, o aumento foi de 4,7%. Este crescimento foi significativamente superior ao registado no setor privado, onde o salário médio foi de 1.365 euros, com uma variação de 3,7% quando ajustado pela inflação. A remuneração média total na economia portuguesa, combinando os setores público e privado, cresceu 6,1%, situando-se agora em 1.528 euros.
O aumento dos salários na administração pública reflete, em grande parte, a qualificação dos trabalhadores, com 55,7% dos funcionários públicos a possuírem ensino superior, em contraste com apenas 25,5% no setor privado. A componente regular da remuneração, que inclui subsídios e bónus, também registou um aumento de 7,5%, passando de 1.709 euros para 1.837 euros, enquanto o aumento da retribuição base foi de 6,7%, alcançando os 1.714 euros.
Em contraste, o setor privado registou um aumento mais modesto nos salários. A remuneração total média por trabalhador subiu 6%, situando-se agora em 1.446 euros. A componente regular do salário aumentou 6,3%, enquanto a remuneração base subiu 6,4%, atingindo 1.124 euros.
Este cenário revela uma disparidade crescente entre os salários no setor público e no setor privado. Embora os funcionários públicos beneficiem de aumentos mais substanciais, a realidade económica e fiscal do país exige uma reflexão sobre a sustentabilidade deste modelo. As diferenças salariais entre os dois setores, somadas à crescente pressão fiscal sobre os cidadãos e empresas, apontam para a necessidade de uma reestruturação no setor público, que permita não só melhorar a eficiência dos serviços prestados, mas também reduzir os custos com recursos humanos.
A grande questão permanece: até quando o Estado pode continuar a aumentar os salários da Função Pública sem comprometer a competitividade do país e o bem-estar dos cidadãos?