quinta-feira, 19 setembro, 2024
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A Desinformação de Rui Tavares

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Rui Tavares, deputado, líder e fundador do partido “Livre”, já desperta a atenção desde o início pelo nome do partido, uma escolha que parece, no mínimo, questionável e, na minha opinião, até enganadora.

Contudo, prefiro não me deter no nome do partido, e sim, focar-me nas palavras de Rui Tavares num recente debate com Rui Rocha da Iniciativa Liberal, transmitido pela CNN Portugal em 7 de fevereiro.

Nesse debate, Rui Tavares afirmou, cito: “Se não houvesse imposição legal, nunca teríamos chegado a uma jornada laboral de 8 horas“, uma afirmação que considero categoricamente falsa.

A criação da semana de trabalho tal como a conhecemos hoje, com 5 dias de trabalho, 8 horas por dia e 40 horas por semana, foi, na verdade, idealizada e posta em prática de forma totalmente voluntária por Henry Ford, o visionário fundador da Ford, uma conhecida empresa americana de automóveis.

Apesar de algumas fontes online sugerirem o contrário, destaco a avaliação do “Polígrafo”, que classificou essa informação como falsa, argumentando que a primeira lei desse tipo foi estabelecida em 1856, em Melbourne, Austrália. Intrigantemente, a fonte mencionada, “Maldito Bulo”, é um fact-checker espanhol, deixando espaço para especulações sobre a origem da informação.

Uma questão pertinente surge aqui também: até que ponto os meios de comunicação apoiados pelo Estado podem ser verdadeiramente independentes e sérios? Cada um de nós deve tirar suas próprias conclusões.

Dito isto, não considero Henry Ford um modelo de ética ou moral impecáveis, principalmente no âmbito político, que não é o foco central deste argumento. Considero Henry Ford um homem de negócios inteligente que compreendeu que mais horas nem sempre significam mais produtividade, algo revolucionário na sua época.

Ford reduziu a carga horária dos seus colaboradores e aumentou o salário não por benevolência, mas sim por pragmatismo empresarial. Este ajuste não apenas melhorou as condições de trabalho, mas também aumentou a produtividade e, consequentemente, os lucros.

E sim, contrariamente ao que muitos podem pensar, Ford não foi obrigado pelo governo americano!

Foi a mão invisível do mercado que o forçou.

Se não o tivesse feito, a concorrência teria atraído os melhores colaboradores, resultando em produtos e serviços superiores e, em última análise, maior rentabilidade do concorrente, podendo, quem sabe, levar à falência da Ford.

Assim, deixo a pergunta para reflexão: em quem confiamos mais, nos políticos que muitas vezes prometem algo de forma “gratuita”, ou nos empresários que nos querem vender algo por um preço?

Não procuro impor a minha visão sobre a de Rui Tavares, apenas exponho o meu argumento para que cada um reflita por si mesmo.

Abraça a liberdade!

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3 COMMENTS

  1. Sgundo citas, Rui Tavares refere as “jornadas de 8 horas”. Desconheco o contexto destas afirmacões, pelo que me excuso em defender as mesmas.

    Embora Henry Ford tenha, de facto, instituído a semana de 40horas de trabalho nas suas fábricas, durante mais de 100 anos antes desse facto, muitos trabalhadores lutaram, e muitos até à morte, pela reducão da carga horária. Pode ser um problema de interpretacão meu, mas a forma como escreveste pareceu-me sugerir que nao fosse Henry Ford, eventualmente poderiamos ainda estar a trabalhar 100 horas semanais, o que me parece dificil de prever.

    Em 1867, no estado de Illinois, foi passada esta norma legal que remetia para as 8 horas de trabalho diárias https://www.ilga.gov/legislation/ilcs/ilcs3.asp?ActID=2408&ChapterID=68#:~:text=On%20and%20after%20the%20first,is%20no%20special%20contract%20or
    Em 1908, com o Coal Mines Regulation Act, nos EUA, foram introduzidas 8 horas de trabalho diário no sector mineiro.
    Em 1916, com o Adamson Act, nos EUA, foram introduzidas 8 horas de trabalho diário no sector ferroviário.
    Mais exemplos eventualmente poderiam ser dados, até noutros países.

    Embora fact-checkers não devam servir como fonte de conhecimento para ninguém, uma pesquisa no google (passo a publicidade) remete-nos a um processo de conquista de 8 horas de trabalho diárias, em Melbourne, no ano de 1856.

    A mão invisível do mercado que forcou Henry Ford a adoptar a semana de 40 horas, nao parece ter forcado muitos dos patroes até à data, obrigando-me a questionar se é, efectivamente, a mão invisível que toma decisões, ou as pessoas, tendo em consideracão as suas características, e o seu contexto.

    A titulo de curiosidade, em 1906, a Bosch, na Alemanha, instituiu também nas suas fábricas a jornada de 8 horas de trabalalho, na altura então 48 horas semanais.

    Para terminar, há algo que concordo com Rui Tavares, e que eventualmente muitos libertários ignoram, ou não consideram. O Estado não é a única ameaca contra a liberdade. As empresas, dadas as desigualdades de poder negocial em relacao aos colaboradores, tambem podem atentar contra essa mesma liberdade. Há que haver equilíbrio.

    Saudacões 🙂

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