O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou um decreto esta terça-feira que expande as condições para o uso de armas nucleares, num momento em que se assinalam mil dias desde o início da ofensiva russa contra a Ucrânia. A decisão surge após os Estados Unidos terem autorizado o uso de mísseis de longo alcance por parte de Kiev para atacar território russo.
O decreto, publicado no portal oficial das autoridades russas, detalha um “documento de planeamento estratégico” que reforça a política de dissuasão nuclear do país. Este define os cenários em que as armas nucleares podem ser utilizadas, incluindo em resposta ao lançamento de mísseis balísticos contra a Rússia ou a ataques realizados por países não nucleares, apoiados por potências com capacidade nuclear, como os Estados Unidos.
Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, justificou a assinatura do decreto como uma resposta às “ameaças” do Ocidente contra a segurança russa, argumentando que era necessário adaptar as diretrizes à nova realidade geopolítica.
Recentemente, o Presidente norte-americano, Joe Biden, autorizou a Ucrânia a utilizar mísseis ATACMS, com alcance de centenas de quilómetros, para atingir alvos estratégicos no território russo. Esta decisão teria sido motivada pela presença de soldados norte-coreanos na região de Kursk, enviados para apoiar as forças de Moscovo, segundo fontes anónimas citadas pela imprensa norte-americana.
Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, Putin tem reiterado que a Rússia pode recorrer a armas nucleares em casos específicos. Em 2023, Moscovo enviou armas nucleares táticas para a Bielorrússia, aliada próxima, e realizou exercícios conjuntos para verificar os sistemas de lançamento destas armas.
A assinatura deste decreto reforça a tensão na região e aumenta os receios de uma escalada no uso de armamento nuclear, num momento em que o conflito continua a escalar em intensidade e complexidade.