quinta-feira, 21 novembro, 2024
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Sovietização do Ensino Português? Sim.

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Num destes dias, fomos confrontados com a grande polémica da existência de um livro sobre Identidade e Família. Para os arautos da bondade e pureza, quase mais grave do que a existência desta obra e da defesa da pluralidade de opinião, foi mesmo a afirmação do antigo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, durante o discurso de apresentação do livro, em que referiu que em Portugal assistíamos a “Uma sovietização do ensino”.

Esta afirmação gerou a indignação, o choque e quase a alegação de insanidade do seu autor.

Pessoalmente, fiquei atónita com a falta de capacidade critica sobre o ensino Português, ou se calhar aquilo que está em causa é o desconhecimento do que foi o ensino soviético.

De forma factual, o ensino soviético era profundamente político, visava uma doutrinação nas ideias comunistas desde a infância, a finalidade era a criação de soldadinhos de chumbo.

Nas escolas eram ensinados os supostos heróis de guerra e do trabalho. Eram ensinados a não se destacarem, porque não eram indivíduos, mas sim parte de um povo, o povo soviético. A prioridade era sempre o serviço público.

A visão soviética rejeita que a educação dos mais jovens deva pertencer à família e despreza profundamente a figura da mulher como mãe, querem libertá-la rapidamente para o trabalho.

Será que é assim tão absurdo traçar um paralelo entre este sistema e o que se passa em Portugal actualmente?

No ensino primário, as crianças Portuguesas têm uma das cargas horárias mais elevadas da europa, cerca de 25 horas semanais. Quem trabalha no ensino sabe que as crianças ficam desconcentradas, irritadas e cansadas, mas a escola com as suas actividades extra- curriculares é muitas vezes a solução das famílias que não por opção, mas por falta de liberdade de escolha, não podem acompanhar os seus filhos.

No que diz respeito às matérias, a ideologia está constantemente implícita nos programas e em certas situações há mesmo a substituição do papel familiar na educação relativamente a valores morais, como é o caso da obrigatoriedade e avaliação da disciplina de Cidadania. A disciplina de Cidadania que de si própria já representa uma grotesca imposição de valores decretada pelo Estado, ainda avalia os estudantes pela capacidade que têm de repetir estes valores.

Diploma, após diploma, os deputados vão aprovando a imposição da ideologia de género sem auscultar se as famílias têm esse desejo, se estão sequer confortáveis que esse assunto seja tratado na escola ou se o preferem fazer no seio familiar. Não há escolha, há imposição.

Na escola, os estudantes são ensinados a ver a História inclinada para um dos campos, o 25 de Novembro é praticamente omisso e empurrado para a irrelevância.

Apenas na idade adulta aprendi por exemplo, que D.Pedro IV não era necessariamente bom, nem D.Miguel necessariamente mau, a escola fez uma leitura da História e escolheu apresentar-me estes dois protagonistas como “bom” e “mau”, e eu nem a questionei durante anos, mesmo sendo monárquica, e estando atenta. Simplesmente precisei do associativismo para retirar conclusões próprias. Isto resume basicamente a minha critica no que diz respeito aos conteúdos: Não se ensina os jovens a pensar. Apresenta-se a versão já preparada.

Os talentos individuais são ignorados. Todos os alunos são avaliados pela mesma bitola, expostos aos mesmos estímulos. Igualdade!

Torno a questionar, será que é mesmo tão absurdo falar na “sovietização do ensino”?

Cláudia Nunes- Presidente da LOLA Portugal

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