O Governo anunciou a proposta de aumento do salário mínimo nacional para 860 euros em 2025, superando o valor inicialmente previsto de 855 euros no Acordo de Rendimentos. Este aumento faz parte de um plano que visa elevar o salário mínimo para 1000 euros até 2028. Embora a intenção possa parecer positiva, principalmente para os trabalhadores de baixos rendimentos, a realidade é que esta medida pode não apenas falhar em resolver os problemas económicos do país, mas também agravá-los.
Aumentar o salário mínimo sem considerar as consequências a longo prazo pode ser um erro estratégico. Para muitas pequenas e médias empresas (PMEs), que formam a base da economia nacional, este aumento representa um acréscimo significativo nos custos operacionais. Muitas empresas, com margens de lucro já reduzidas, poderão ser obrigadas a despedir trabalhadores, reduzir horas de trabalho ou cortar em outros benefícios para conseguir suportar o impacto financeiro. Além disso, algumas empresas poderão simplesmente não conseguir sobreviver, o que levará ao aumento do desemprego.
Outro fator a ter em conta é o impacto deste aumento na inflação. Ao aumentar o custo do trabalho sem um crescimento equivalente na produtividade, os preços dos bens e serviços poderão aumentar, o que resultará numa subida do custo de vida. Ironicamente, o poder de compra que o aumento do salário mínimo pretende melhorar poderá ser anulado pela inflação subsequente, deixando os trabalhadores na mesma ou até pior situação.
Além disso, concentrar os esforços apenas no aumento do salário mínimo desvia a atenção de outras reformas essenciais para o crescimento económico. O problema central da economia portuguesa não se resume a salários baixos, mas sim a uma falta de competitividade, inovação e produtividade. Sem políticas que fomentem o investimento, a criação de emprego de qualidade e a redução da burocracia que sufoca o empreendedorismo, o aumento do salário mínimo será uma solução temporária e superficial.
A longo prazo, para se garantir uma economia saudável e sustentável, é necessário criar condições para o desenvolvimento das empresas e a criação de valor. Isso passa por reformas fiscais, redução da carga burocrática e incentivos ao investimento em setores estratégicos que possam modernizar a economia. Se as empresas crescerem, criarão mais e melhores empregos, e os salários subirão naturalmente, com base na produtividade, e não por imposição legal.
Em resumo, aumentar o salário mínimo pode parecer uma medida social justa, mas, sem uma estratégia económica robusta por trás, corre o risco de prejudicar tanto trabalhadores quanto empregadores. Se o governo quer realmente melhorar a qualidade de vida dos portugueses, deve concentrar-se em criar as condições necessárias para o crescimento económico sustentável, em vez de apostar numa solução que, a longo prazo, poderá fazer mais mal do que bem.