O humor e a sátira são ferramentas indispensáveis para a crítica e ridicularização do poder instalado, por meio dos quais conseguimos expor incongruências, contradições e normas nefastas presentes na sociedade e nas estruturas de poder.
Colocar personalidades, práticas e sistemas sobre este tipo de escrutínio é também imprescindível para desmantelar a aura de intocabilidade que muitas vezes envolve todas as figuras do poder e a democracia em si, tudo isto visa alcançar melhorias e reformulações na estrutura e no bom funcionamento do país, fomentando uma governação mais transparente e rigorosa.
Este género de humor atua também como um incentivo poderoso para a participação cívica, a partir do qual conseguimos criar um ambiente mais relaxado e propício para todos, destituindo a ideia da constante seriedade presente na política, nomeadamente para um público menos familiarizado com todo este cenário, isto permite-nos transmitir conceitos ou reparos de forma a provocar reflexões, mas também convida à análise crítica, questionando as estruturas estabelecidas e incentivando uma visão mais informada sobre questões sociais, políticas e culturais.
É também importante realçar que facilita consideravelmente a criação de um espaço para o debate e para a discussão saudável, onde diferentes opiniões podem ser expressas de forma criativa e muitas vezes irónica, contribuindo assim para uma participação diversa e uma compreensão mais ampla e multifacetada de todas as opiniões e os seus assuntos políticos.
O humor permite assim não só divertir, mas também promover uma consciencialização individual sobre diversos temas que podem ser úteis para uma compreensão e evolução coletiva, algo altamente crucial num país onde a iliteracia política é notavelmente alta, especialmente entre os mais jovens.
A política tem nos dias de hoje, ao contrário do que ocorria no distante passado, uma presença substancial no nosso espaço de entretenimento, com vários programas de sátira e infotainment bem conhecidos pelos portugueses, a decorrerem ao longos dos anos na televisão portuguesa e a deixarem a sua marca.
No entanto, é importante notar que muitos destes programas atuais já não atendem completamente às preferências e interesses de todo o público, muito provavelmente por haver uma lacuna em representar certas perspetivas da população sobre problemas existentes, para além do crescente desinteresse dos jovens em consumir conteúdo televisivo.
Então ainda é possível levar o humor político ao encontro dos jovens e dos que se sentem órfãos pela sua inclinação política?
Sim, com a internet e as redes sociais a sátira e o humor político estão ao alcance de todos, permitindo abordagens independentes de todos os tipos, cada uma com a sua visão particular, isto tudo de forma a catapultar ideias e críticas para o meio do debate político sem estar refém dos meios tradicionais.
Resumidamente, o humor político na democracia portuguesa desempenha um papel fundamental ao quebrar a seriedade muitas vezes associada à esfera política. Através da sátira e do humor, questões sérias e complexas podem ser abordadas de uma maneira mais leve, convidando à reflexão para uma análise individual mais crítica perante diversos dos temas políticos, a partir dos quais caminharemos em direção do desenvolvimento e evolução do país.